"Escrever nada tem a ver com significar, mas com agrimensar, cartografar, mesmo que sejam regiões ainda por vir."

Gilles Deleuze

05 setembro, 2009



Às vezes penso que não tenho vida. Não tenho vida real como as pessoas reais. Não me sinto melhor que ninguém por isso, mas REALMENTE vivo no mundo dos sonhos. Entrei nesse mundo de sopetão, por necessidade, quando era muito nova ainda. Hoje, por mais necessidade ainda, não posso, não sei e não quero sair. Não é fácil. Não pra mim, nem pra quem tenta conviver comigo.
Assumi um aspecto paradoxal: há um espelho em minha superfície que por plena necessidade de estar no mundo, real, e me abastecer em meu mundo de sonho, reflete a imagem que se aproxima desse espelho. Pareço. Tudo o que é exigido de mim, porque sei das minhas obrigações como massa semi-individual na massa geral. Mais que obrigação, é claro, há nisso um ponto de vitalidade. Pulso, na matéria corpórea, para o mundo real, mas o sangue circula pra outro destino, um não-lugar concreto, mesmo que soe estranho. E nisso me construo, pra dentro, nesse não-lugar onde atuo e creio a minha liberdade.

“Somos feitos da mesma matéria dos sonhos”.
O meu mundo é de sonhos, porque a minha matéria é a arte

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